A abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, no Vaticano, aconteceu dia 24 de dezembro, dando início ao Jubileu Ordinário de 2025.
Ancorados em Cristo, cruzamos o limiar deste templo santo e entramos no tempo da misericórdia e do perdão, para que a cada homem e a cada mulher seja aberto o caminho da esperança que não desilude.”
Com esta oração, o Papa Francisco abriu a Porta Santa da Basílica de São Pedro, inaugurando o 28º Jubileu da história da Igreja Católica.
A abertura da Porta Santa foi precedida por um momento de preparação, com a proclamação das profecias bíblicas do nascimento do Salvador.
Ao abrir-se da porta, o Santo Padre em silêncio deteve-se em oração, enquanto soavam os sinos da Basílica. O Pontífice foi o primeiro a atravessá-la, seguido por ministros, 54 representes do povo de Deus provenientes dos cinco continentes e alguns concelebrantes, que se dirigiram ao Altar da Confissão para dar prosseguimento à celebração eucarística enquanto se entoava o hino do Jubileu, intitulado “Peregrinos de esperança”.
Depois da leitura da calenda, a imagem do Menino Jesus foi desvendada, e após as flores oferecidas por algumas crianças, incensada.
O que significa?
O gesto de abrir a Porta Santa é uma atitude baseada em passagens da Sagrada Escritura. “O simbolismo é baseado na imagem que Jesus utiliza no Evangelho de João (cf. Jo 10, 7-9), quando se apresenta como ‘a porta das ovelhas’ (v. 7) e a ‘porta que conduz à salvação’ (cf. v. 9). Também no Evangelho de Lucas, Jesus utiliza a imagem da porta quando exorta os seus discípulos com as seguintes palavras: ‘Procurai entrar pela porta estreita’ (cf. Lc 13, 24)”, indica o sacerdote brasileiro que trabalha na Secretaria de Estado do Vaticano, padre Antonio Hofmeister.
Ele explica que o gesto de atravessar a Porta Santa durante o Jubileu é uma atitude de fé, “um sinal do chamado feito a todo fiel cristão de ir ao Pai através de Jesus, a ‘Porta das Ovelhas’ e o único caminho: ‘Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vai ao Pai senão por mim’ (Jo 14, 6)”.
Padre Hofmeister destaca inclusive que, justamente por serem símbolos desta analogia utilizada por Jesus, o tamanho das Portas Santas nas quatro Basílicas papais são menores e mais estreitas do que as demais portas contidas nestes templos.
A Porta Santa será aberta em cada Basílica papal de Roma. No dia 29 de dezembro, será aberta em São João de Latrão; na Santa Maria Maior em 1º de janeiro de 2025; e na Basílica de São Paulo fora dos Muros, será no dia 5 de janeiro.
Curiosidades
A cada 25 anos acontece um Jubileu Ordinário na Igreja, que começa com o gesto feito pelo Pontífice de abrir a Porta Santa, e têm a duração de cerca de um ano. Após esse tempo, a Porta é fechada e selada, mas permanece visível para os peregrinos que visitam a Basílica.
“Não existe uma ‘chave’ para abrir e fechar a Porta Santa. Ela é apenas fechada e, a parte interna da porta é selada com tijolos e argamassa até o próximo Jubileu”, conta padre Hofmeister.
Outra curiosidade destacada pelo sacerdote é que, normalmente, em cima da Porta Santa fica uma placa que indica a última vez (ou as últimas vezes) em que ela foi aberta.
Quanto à localização dessas Portas, padre Hofmeister conta que, nas Basílicas de São Pedro, São Paulo e São João elas ficam à direita das portas centrais. E na Santa Maria Maior, fica à esquerda.
Simplificação do rito
Ao longo dos anos, o rito de abertura da Porta Santa passou por mudanças, até ser simplificada por João Paulo II.
“Até o Papa Paulo VI, o rito possuía mais etapas, sendo que em uma delas o Papa deveria dar um golpe com um martelo e um cinzel simbolizando o início da retirada da parede de tijolos e argamassa que fecha a porta por dentro (depois, os operários concluíam a retirada dos tijolos e dos restos da parede). São João Paulo II simplificou o rito para o Grande Jubileu do ano 2000. Agora, a retirada da parede é feita com alguns dias de antecedência, e, no momento da abertura, o Pontífice apenas empurra as duas partes da porta para trás, deixando-a oficialmente aberta e sendo o primeiro a passar sob o seu umbral”, explica o presbítero.
O essencial é a fé e a conversão
Diferente de como foi no Jubileu Extraordinário da Misericórdia, no ano 2015, quando foram abertas “Portas Santas” em cada diocese do mundo, desta vez o gesto volta a ficar restrito apenas às Basílicas papais. No entanto, os fiéis que não puderem ir até Roma para passar pela porta, poderão alcançar as mesmas graças.
“Ao passar pela Porta Santa e cumprir as demais condições para receber a graça especial, o fiel recebe a indulgência plenária. Mas há outras formas de receber a mesma indulgência através de outras práticas de piedade”, destaca o sacerdote.
No dia 29 de dezembro, haverá a abertura solene do Ano Jubilar em cada diocese do mundo, e, nesta ocasião, será anunciada a Indulgência Jubilar, que poderá ser obtida segundo as prescrições contidas no mesmo Ritual para a celebração do Jubileu nas Igrejas particulares, destaca o Papa Francisco na Bula de Proclamação do Jubileu.
Um sinal identificador do Ano Jubilar, desde o primeiro Jubileu do ano de 1300, é a indulgência, que permite “descobrir como é ilimitada a misericórdia de Deus” (cf. Bula papal Spes non confundit n.23). Portanto, para viver plenamente as graças deste Ano Santo, a Penitenciaria Apostólica publicou um decreto com orientações aos fiéis.
“O essencial é a fé! Fé que deve levar à contrição pelos próprios pecados e à busca de uma verdadeira conversão, isto é, buscar viver de acordo com a própria fé, obedecendo aos mandamentos da Lei de Deus e aos ensinamentos da Igreja. Se não vivermos de acordo com o que acreditamos (esta é a verdadeira conversão), acabaremos acreditando que o modo que vivemos é correto e não nos converteremos nunca”, finaliza padre Hofmeister.
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