Nos últimos dias, tem circulado nas redes sociais e em diversos portais de notícias a informação de que espaços destinados ao atendimento de migrantes venezuelanos em Roraima teriam sido fechados. No entanto, essa informação não é totalmente verdadeira. Apenas os espaços sanitários administrados pela Rede Cáritas Brasileira tiveram suas atividades suspensas, enquanto as demais entidades e organizações continuam atuando normalmente no acolhimento e assistência a essa população vulnerável.
O que aconteceu com os espaços da Cáritas?
Dois espaços administrados pela Rede Cáritas em Roraima, que ofereciam serviços de higiene pessoal, como duchas, banheiros, fraldários e lavanderia, foram fechados nesta segunda-feira (27). O motivo foi a suspensão, por 90 dias, do repasse de fundos americanos para ajuda humanitária no Brasil, determinada pelo governo dos Estados Unidos. O financiamento era realizado por meio do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM).
Embora esses espaços tenham sido suspensos, a Cáritas reafirmou seu compromisso com a assistência humanitária e está buscando alternativas junto aos financiadores para retomar as atividades.
Atendimentos seguem normalmente na Pastoral dos Migrantes
Enquanto isso, a Pastoral dos Migrantes da Diocese de Roraima continua funcionando normalmente. Com sede na Casa da Caridade Papa Francisco, em Boa Vista, a Pastoral tem um papel fundamental na acolhida, documentação e integração dos migrantes venezuelanos, ajudando-os a regularizar sua situação no Brasil.
Segundo a coordenadora do setor de regularização migratória da pastoral dos migrantes, Libia Lopes, diferente da Cáritas, a Pastoral dos Migrantes não recebe financiamento do governo norte-americano, sendo sustentada pela Diocese de Roraima e contando com o apoio de parceiros, como a Universidade Federal de Roraima (UFRR), que oferece cursos de português e atendimentos psicológicos por meio de seus estudantes.
"Na Casa da Caridade, os migrantes continuam recebendo suporte para a predocumentação, garantindo que cheguem à Polícia Federal com os documentos corretos e agendamento confirmado. Esse processo agiliza o atendimento e evita longas esperas ou pendências burocráticas", afirmou Libia.
De acordo com o padre Luiz Botteon, um dos colaborades da Casa da Caridade Papa Francisco, as atividades seguem normalmente. " Na Casa da Caridade, existem vários serviços de atendimento aos migrantes venezuelanos. A Pastoral dos Migrantes, que faz o pré-cadastramento para regularização de documentação, está funcionando no seu atendimento de terça a quinta-feira. Também, o projeto Europana, que oferece ajuda financeira aos migrantes, está em funcionamento. A Fundação Fé e Alegria, que oferece cursos de português e de empreendedorismo, está com suas turmas abertas, e os cursos terão início na primeira semana de fevereiro". Enfatizou.
Atendimento no interior do estado
A Pastoral dos Migrantes também tem atuação em diversos municípios do interior de Roraima. Desde 2018, em parceria com a Operação Acolhida, a Pastoral é responsável pelo encaminhamento de migrantes do interior ao Posto de Triagem (PTRIG) em Boa Vista. O atendimento ocorre semanalmente, sempre às quintas-feiras, com 120 migrantes sendo recebidos por agendamento, provenientes das seguintes cidades:
Canta Bonfim Caroebe Baliza Rorainópolis Iracema Mucajaí Normandia Alto Alegre São Luiz do Anauá Caracaraí
Antes de chegarem ao PTRIG, os migrantes são orientados pelos agentes da Pastoral em suas cidades. No posto, recebem palestras informativas sobre seus direitos e sobre os diferentes processos migratórios disponíveis.
Impacto da suspensão da OIM
Atualmente, a principal preocupação está na suspensão das atividades da Organização Internacional para as Migrações (OIM) no Posto de Triagem (PTRIG). A OIM era responsável por encaminhar migrantes para solicitação de residência no Brasil. Com a suspensão desse serviço, a Pastoral dos Migrantes não pode, temporariamente, continuar com esses encaminhamentos.
Já os processos de refúgio continuam funcionando normalmente, por meio da AVSI (Associação Voluntários para o Serviço Internacional), que trabalha diretamente com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).
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