A cidade de Manaus, situada no coração da Amazônia brasileira, enfrenta uma seca histórica em 2023, que já superou recordes registrados em 2010. Dados de medição do Porto de Manaus, conduzidos e analisados pelo renomado Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), revelam que a cota do rio atingiu 13,59 metros nesta segunda-feira, quebrando a pior medição registrada até então, que era de 13,63 metros em 24 de outubro de 2010.
O climatologista e pesquisador do Inpa, Renato Senna, alerta que o rio ainda deve diminuir sua cota nas próximas semanas. "Com base nos dados históricos, as grandes secas costumam se prolongar pelo fim de outubro e início de novembro", afirma Senna.
A seca histórica deste ano transformou drasticamente as paisagens e a vida das pessoas que dependem do rio na capital do Amazonas. Na Marina do Davi, um ponto de partida tradicional para embarcações que levam passageiros a praias e comunidades próximas, a cena é de desolação. Embarcações flutuantes que antes serviam como pontos de venda de passagens e de embarque de passageiros agora estão ilhadas em terras secas, sem utilidade. Outros flutuantes estão encalhados na lama.
Para chegar ao rio, as pessoas agora precisam caminhar por passarelas improvisadas de madeira, colocadas em lugares onde antes havia apenas água. Nas comunidades ribeirinhas e nas praias, os relatos são de isolamento, lama e falta de suprimentos.
No ano anterior, o dia mais seco do Rio Negro em Manaus foi registrado em 28 de outubro, quando a cota do rio atingiu 16,19 metros, de acordo com as medições diárias do Porto de Manaus. A seca de 2022 já havia sido considerada severa.
Além de 2010, a cidade enfrentou uma situação semelhante em 1963, quando o rio caiu abaixo dos 14 metros, atingindo 13,64 metros em 30 de outubro.
A seca não se limita apenas a Manaus, pois situações de extrema seca também estão sendo observadas em outros pontos da Amazônia neste ano. No médio Solimões, igarapés secaram completamente, forçando os ribeirinhos a caminharem quilômetros em busca de água potável nas torneiras de Tefé (AM), devido à impossibilidade de acesso das embarcações.
A seca de 2023 está causando um impacto significativo na vida das comunidades amazônicas e na paisagem da região, destacando a urgência de medidas eficazes para enfrentar as mudanças climáticas e proteger a maior floresta tropical do mundo.
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