Uma roda de conversa realizada na última sexta-feira (15) no Colégio Estadual Militarizado Carlos Drummond de Andrade, no bairro Pricumã, em Boa Vista, alertou para o aliciamento de menores para o tráfico humano e exploração sexual.
A reunião, promovida pelo Centro de Promoção às Vítimas de Tráfico de Pessoas (CPVTP), do Programa de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania (PDDHC), da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), foi o ponto alto de uma semana de atividades e conscientização do projeto “Educar é Prevenir” no colégio.
Na segunda e terça-feira, a unidade de ensino recebeu material de divulgação (cartazes e banners) e a comunidade escolar (gestores, professores e funcionários) recebeu capacitação. Na quarta e quinta-feira, o corpo docente trabalhou a temática com os estudantes, em sala de aula, conforme a disposição de cada professor.
“Trazemos toda essa dinâmica durante a semana, com psicólogos, advogados e palestras, para que conheçam esse tema. Na parte das atividades dos professores, eles são capacitados, quando geralmente realizam alguma atividade, produzem uma redação, um vídeo ou uma música, e apresentam na roda de conversa, que é a culminância do projeto, quando reunimos autoridades e a escola, para levar esse alerta aos adolescentes que são o público-alvo”, explicou o coordenador do centro, Glauber Batista.
Sensibilização e prevenção
Na quadra do colégio, os alunos do ensino fundamental e médio se reuniram com a equipe do projeto e representantes do Conselho Tutelar, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Divisão de Desenvolvimento Psicossocial Escolar da Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed), que reforçaram os principais tipos de aliciamento, bem como as formas de prevenção. Também foram abordados os sinais que podem indicar que uma criança ou adolescente está sendo vítima de tráfico humano.
As estudantes do 6º ano Manuelley Galdino, de 11 anos, e Sophia Medeiros, de 12 anos, apresentaram redações desenvolvidas na disciplina de Língua Portuguesa sobre o tema.
“Aprendi que esse é um crime que acontece em vários países. A Espanha, por exemplo, recebe muitos traficados do Brasil. Também aprendi que os principais tipos de tráfico de pessoas envolvem exploração sexual, que acontece com as mulheres, adolescentes e crianças, e que poucas pessoas conseguem ser resgatas”, disse Manuelley.
Sophia, por sua vez, ficou surpresa com o fato de que o tráfico de pessoas não é um problema exclusivo do Brasil. “A professora levou esse trabalho e pesquisei um pouco. Me chamou a atenção que o tráfico de pessoas não acontece só no Brasil, mas em outros países”, disse a estudante.
A professora da disciplina, Cláudia Amorim, avaliou positivamente a participação dos alunos. “O trabalho em sala de aula foi feito de forma bem dinâmica, com textos, debates e opções de textos em língua portuguesa. E acredito que eles tenham participado bastante, foram bem ativos nas produções. Não fizemos mais por falta de tempo”, destacou Amorim.
Para uma das palestrantes, a inspetora da PRF Verônica Cisz, que trabalha há 25 anos na fiscalização do tráfico nas fronteiras do Estado, a sensibilização com a comunidade escolar é uma das principais estratégias para prevenir o crime. “É importante falar diretamente com os jovens, com os adolescentes, para que eles possam ser alertados sobre os riscos do tráfico humano”, disse.
Segundo Cisz, os aliciadores costumam seduzir as vítimas com promessas de emprego, estudos ou melhoria de vida. “Eles vão se apresentar como alguém que vai ajudar a pessoa a alcançar o sonho dela, mas, na verdade, o que eles vão fazer é explorá-la”, alertou a inspetora.
Educar é Prevenir
O projeto Educar é Prevenir foi criado em 2017 e tem como objetivo alertar sobre o tráfico de crianças e adolescentes que fazem parte da faixa etária alvo dos aliciadores nos ambientes escolares. Até o momento, o projeto já foi realizado em 41 unidades escolares de Roraima.
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