O episódio da Proclamação da República não foi um fato isolado no contexto da consolidação da nossa autonomia e, em todos os acontecimentos mais significativos desse processo, o Exército Brasileiro esteve presente.
Desde as batalhas de Guararapes, o Soldado marcou seu nome na história, atuando na defesa da nossa soberania, garantindo a liberdade da nossa gente e colaborando para o progresso e a construção do País. As ideias republicanas, por sua vez, já haviam aflorado em alguns movimentos nativistas que ocorreram durante a formação da nova nacionalidade.
Em 1822, a semente dos ideais republicanos de liberdade, igualdade e fraternidade foi plantada em lutas por todo o território, apoiando e fortalecendo o grito de Independência do príncipe regente Dom Pedro, que nos libertou do jugo colonizador português.
No Primeiro e no Segundo Reinados, foram muitas e intensas as lutas pela preservação da nossa integridade territorial. No último quartel do século XIX, as contradições da monarquia começaram a se acentuar. Atritos do governo com o Exército e com a Igreja; a questão da escravatura, que gerou sensível desgaste nas bases sociais que apoiavam o Estado; as transformações socioeconômicas; e o surgimento de novos grupos sociais trouxeram, em seu bojo, princípios de reformas e ampliaram as tensões e os antagonismos. Além disso, após a campanha vitoriosa na Guerra da Tríplice Aliança, observou-se a indiferença da monarquia com o estamento militar, ocasionando a inevitável aproximação das lideranças da caserna com as ideias propagadas pelo positivismo, que defendia a república como forma de governo.
Nesse contexto, inspirado na atuação do nosso Patrono, o Duque de Caxias, que dedicou sua vida a pacificar e unificar a Pátria, o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca assumiu a liderança do processo de rompimento efetivo com o sistema monárquico de governo.
Na manhã do dia 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro, então presidente do Clube Militar, à frente das tropas da guarnição do Rio de Janeiro, depôs o Gabinete Ouro Preto, sem que houvesse necessidade de uso da força. O Brasil acordou monarquista e foi dormir republicano. Jamais houve, na história do País, uma ruptura política tão inesperada.
O Marechal emprestou sua autoridade e prestígio ao movimento republicano. A inteireza de seu caráter, a confiança que inspirava em seus irmãos de armas e, sobretudo, a extensa folha de serviços prestados ao Brasil, na paz e na guerra, o credenciaram a assumir o cargo de primeiro Presidente da nascente República do Brasil.
Assim, por intermédio do Marechal Deodoro e de expressiva parte do Exército que o apoiou em 15 de novembro de 1889, falaram os inconfidentes mineiros e baianos, os libertários pernambucanos de 1817 e 1824, os rio-grandenses farroupilhas, os civilistas de São Paulo, os clubes republicanos brasileiros, os abolicionistas, os militares e o povo.
A servidão do Soldado de Caxias pela liberdade, independência e evolução do País permanece nos dias atuais e consolida-se na sua nobre missão da defesa da Pátria, bem como da garantia dos Poderes Constitucionais, da lei e da ordem, honrando o lema da República de “Ordem e Progresso”. Ao comemorarmos a Proclamação da República, exaltamos o papel do Exército Brasileiro, que compartilha as alegrias, as dores, os sonhos e as conquistas com o seu povo. Com isso, espalhados por todos os rincões do território nacional, os militares se orgulham de integrar uma instituição de Estado, coesa e totalmente integrada à sociedade, e que preserva os mais caros valores e tradições da nossa história!
Salve o 15 de novembro!
Salve o Marechal Deodoro da Fonseca!
Viva o Exército Brasileiro e a República do Brasil!
Brasília-DF, 15 de novembro de 2023
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