Com o R$ 2,5 bilhões contingenciados, o Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN nº 17/2022) votou na última terça-feira (12), em cortar ainda mais os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), mas a mobilização de pesquisadores de várias universidades e instituições conseguiu apoio dos parlamentares e por 10 votos de diferença, foram suprimidos os dispositivos referentes ao fundo da ciência.
Segundo o Centro Sou Ciência, que divulgou nas últimas semanas pesquisas sobre os cortes do FNDCT, as universidades são as mais afetadas, chegando a 50% de queda nos recursos de custeio e 96% nos recursos de investimentos nesses últimos anos com remanejamento para outros órgãos por parte do governo federal, prejudicando o funcionamento das instituições e a oferta de bolsas para os alunos mais pobres.
As pesquisas constataram aproximadamente cerca de R$ 35 bilhões desviado dos R$ 64 bilhões arrecadados pelas fontes financiadoras do FNDCT, que foram confiscados e redirecionados para o Tesouro, onde deixaram de ser destinadas às políticas de Ciência e Tecnologia.
De acordo com painel das Universidades Federais em Defesa da Vida, desenvolvida em colaboração com a Andifes (Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), boa parte das universidades se organizou e atuou durante a pandemia.
O painel apontou que mais de mil ações foram realizadas nesta pandemia em vários municípios com destaque para as áreas de pesquisa, telessaúde, comunicação e combate à fome. Já o segundo painel, realizado com o apoio do Instituto Serrapilheira, compilou e analisou um levantamento sobre o financiamento das universidades federais ao longo dos últimos anos, mostrando os grandes cortes que as instituições sofreram.
A farmacóloga da Unifesp e coordenadora do Sou Ciência, Profª Dra. Soraya Smaili, ressalta que ao lançar as pesquisas o centro tem como objetivo contribuir com a defesa da ciência, das universidades e institutos. “São dados importantíssimos para que toda a sociedade conheça o trabalho das universidades públicas e dos institutos de pesquisas, além dos problemas reais que hoje enfrentamos de cortes e repasses de verbas, que atrasam as pesquisas e o próprio crescimento econômico e social do Brasil”, relatou.
Universidades
Apesar da falta de recursos, os cientistas brasileiros, especialmente os das instituições públicas tem bastante credibilidade, com o aumento em mais de 40% nos últimos três anos, levando em conta que as Universidades Federais e Estaduais têm papel fundamental no desenvolvimento da pesquisa e na produção de Ciência e Tecnologia em nosso país.
Em 2020, 53,3% dos estudantes de mestrado e doutorado, 52,2% dos programas de mestrado e doutorado e 54,9% dos docentes que atuavam na pós-graduação estavam nas Universidades Federais. Isto significa que mais da metade da pós-graduação e da pesquisa do país é realizada nas Universidades Federais.
Os painéis Universidades Federais em Defesa da Vida e Financiamento das universidades federais estão à disposição da sociedade no site do SoU_Ciência.
Comentários: