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Os consecutivos ataques registrados nas escolas em vários estados da Federação têm preocupado o Poder Legislativo. Durante entrevista ao Parlamento de Ponta a Ponta, o deputado Rarisson Barbosa (PMB) e a deputada Angela Águida Portella (PP) disseram que estão apreensivos com a situação, buscando mecanismos para evitar que esses episódios ocorram também em Roraima.
Eles fizeram uma indicação ao Executivo para que as polícias Penal, Militar e Civil forneçam mais segurança às unidades de ensino estaduais.
“Precisamos unir forças do Parlamento com o Executivo para que a segurança pública esteja nas escolas, como forma de inibir esses atos. Muitos são alarmes falsos, mas já tivemos escolas em Roraima pichadas. Não sei se é terrorismo. Mas precisamos que as polícias estejam mais presentes, fazendo ronda nas escolas, conversando com os gestores para saber se há alguma indicação de ataque”, disse o deputado Harrison.
O parlamentar, que é presidente da Comissão de Segurança Pública, ressaltou que é preciso evitar que esses acontecimentos cheguem às escolas roraimenses. E que o papel dos pais também é fundamental, pois precisam ficar mais atentos às atividades dos filhos, principalmente com relação às redes sociais.
Rarison destacou que os pais, ao dar um celular para o filho, devem também observar o que eles acessam. “Essa atenção redobrada é para saber se o filho está com essa intenção ou se está sendo instigado por alguém a cometer tal crime. Esses jogos mais violentos, com fases a serem cumpridas, têm tarefas para que o jogador corte o pulso, dê uma facada no coleguinha para ser o melhor do jogo. A tudo isso temos que estar atentos, dar atenção àquilo que é mais importante, a nossa família”, lembrou.
O deputado destacou que diante dos ataques, a preocupação é tanta que tem “sentido vontade de permanecer na escola dos filhos durante o período da aula”. "Estou questionando no dia a dia o gestor da escola para saber quais ações estão sendo feitas pela instituição de ensino para inibir o crime. Não basta só o Estado cumprir seu papel, é necessário que a família e as instituições façam a sua parte”, afirmou.
A deputada Angela Águida Portella disse que é preciso fazer um trabalho que englobe um conjunto de ações, já que esses episódios estão afetando a saúde mental da sociedade, em especial dos docentes, discentes e dos pais.
“Isso impacta para sempre, porque os traumas são como cicatrizes na alma, não têm cura. Precisamos evitar que isso tome proporções maiores. Temos que fazer um trabalho pensando em várias possibilidades. Tem a questão da segurança, mas tem o adoecimento das famílias, as crianças estão com síndrome do pânico, com medo de ir para escola, sua segunda casa, referência de construção de memórias afetivas, das primeiras amizades, cheiro de algodão-doce, pipoca, música. Ser professor, hoje, é uma profissão de risco”, disse.
Inicialmente, a parlamentar sugeriu a suspensão das aulas, mas lembrou que o impacto social não seria o mais ajustável às famílias que precisam deixar os filhos nas escolas. “Só que as escolas estão ficando vazias. Parece que já existe uma convenção tácita de que neste momento é preciso se recolher. Meu alerta como mãe, avó e professora que sou, é que precisamos cuidar dos nossos filhos mais que nunca, chamar para conversar, dar atenção”, aconselhou.
Ela lembrou que já apresentou um projeto de lei para integrar a família na escola e que já desenvolveu o projeto Sou+, com uma equipe multidisciplinar para trabalhar o desenvolvimento e autoproteção de crianças e adolescentes.
“Hoje não sei mais em que pensar, mas o certo é que temos que trabalhar em três frentes: segurança, seja pública ou privada; o fortalecimento dos valores familiares, da confiança, segurança na família; e a escola contar com uma equipe multiprofissional para dar mais qualidade na relação, que hoje é temerosa.”
Portella ressaltou que se faz necessário o cumprimento imediato da Lei nº 940/2013, que determina a presença de psicólogos nas escolas, pois os alunos estão adoecidos e precisando de acompanhamento.
“A escola tem que mostrar que ela ainda é um espaço seguro. Ir para a escola hoje não faz sentido. Precisamos reunir, e já requeremos, a presença dos secretários de Segurança e Educação para pensar estratégias. Precisamos que a Secretaria de Segurança designe profissionais para colocar em pontos estratégicos das escolas, para dar o sentimento de segurança e a implementação da Lei nº 940 de 2013”, pontuou.
“Temos que mostrar para os pais e adolescentes que a prioridade, tanto falada no ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente], que tem que fazer valer. Não podemos esperar tudo do poder público. Tem que ter a participação da família e da sociedade”, finalizou.
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