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Padre Nilvo Pase celebra hoje 88 anos de vida

O pe. Nilvo é o padre mais idoso da Diocese de Roraima.

Padre Nilvo Pase celebra hoje 88 anos de vida
Fotos Divulgação.
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Hoje, 16 de outubro de 2024, a Diocese de Roraima comemora os 88 anos de vida do Padre Nilvo Floriano Pase, uma missão que dedicou 61 anos ao sacerdócio e ao serviço das comunidades de fé. Natural de Ivorá, no interior do Rio Grande do Sul, Padre Nilvo é filho de Antônio Lourenço Pase e Maria Dal Bem Pase. Sua trajetória de fé começou cedo: aos 11 anos, ingressou no Seminário Imaculada Conceição em Viamão, onde cursou Filosofia e Teologia. Em dezembro de 1962, foi ordenado diácono, e em 13 de julho de 1963, tornou-se sacerdote no Santuário Basílica da Medianeira, em Santa Maria, sob a vitória de Dom Luiz Victor Sartori.

Antes de se estabelecer em Roraima, exerceu seu ministério em diversas paróquias no Rio Grande do Sul, incluindo a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Jaguari, e a Catedral Imaculada Conceição, em Santa Maria. Foi também um líder para a juventude diocesana, sempre buscando fomentar a espiritualidade e o engajamento pastoral dos jovens.

Sua chegada a Roraima aconteceu em fevereiro de 1979, quando, a convite de Dom Ivo Lorscheiter, aceitou o desafio de auxiliar a Diocese de Roraima. Com o espírito desbravador que o caracteriza, Padre Nilvo rapidamente se tornou um dos principais evangelizadores do Sul do estado, atendendo vastas áreas que hoje incluem os municípios de Caracaraí, São João da Baliza, São Luiz do Anauá e Rorainópolis, representando cerca de 40% do território estadual.

Durante mais de quatro décadas, Padre Nilvo não apenas plantou as sementes da fé, mas também se dedicou à formação de lideranças comunitárias. Ele é creditado pela fundação de aproximadamente 90 comunidades na região Sul de Roraima, sempre com o olhar atento para a formação de leigos, um aspecto central de sua missão. Sua atuação transcendeu o altar, organizando semanas de formação bíblica, e litúrgica. 

Mesmo diante das dificuldades de locomoção e das condições precárias das estradas na época, Padre Nilvo percorria longas distâncias, muitas vezes dirigindo sua famosa caminhonete Chevrolet T10. As estradas em ruínas não o desanimavam, e ele era conhecido por sua persistência em visitar todas as comunidades, promovendo encontros de formação e levando o Evangelho a lugares distantes. Sua presença sempre foi marcada por uma vida simples e dedicada ao testemunho do Evangelho.

Atualmente, o Padre Nilvo reside em Boa Vista, sob os cuidados do Padre Luiz Botteon, que se relaciona com carinho a convivência com a missão. “Eu cheguei em Boa Vista em dezembro de 2022, e o Padre Nilvo já estava acamado. Mesmo assim, ainda pude ajudá-lo a realizar alguns sonhos que ele nunca teve oportunidade de viver. Lembro de quando o nível para ver a decoração de Natal aqui em Boa Vista, algo que ele nunca tinha feito. Ele ficou maravilhado com as luzes e a música natalina. Também o nível pela primeira vez a um shopping e para tomar sorvete. Pequenas alegrias que ele nunca havia experimentado, pois sua vida sempre foi dedicada ao povo e à Igreja.”

Padre Luiz destaca como essa convivência tem sido uma troca de carinho e respeito. “Ele sempre foi uma pessoa muito austera, nunca se permitiu desfrutar desses pequenos momentos da vida. Então, para mim, é uma alegria poder retribuir a dedicação que ele teve ao longo de sua vida missionária, proporcionando-lhe momentos de lazer e cuidado.”

Cuidados de Saúde e Apoio Multidisciplinar

Devido a uma queda que resultou na fratura de seu fêmur em 2022, Padre Nilvo precisou de cuidados especiais. Desde então, ele reside na sede da Diocese de Roraima, onde recebe atenção constante de uma equipe de saúde multidisciplinar. Essa equipe inclui médicos que o visitam regularmente, uma fonoaudióloga, um fisioterapeuta também presente três vezes por semana, além de quatro cuidadores que se revezam em turnos para garantir que suas necessidades sejam atendidas. Essa rede de apoio tem sido fundamental para manter sua qualidade de vida e dignidade.

Além de seu trabalho como pároco, Padre Nilvo também foi professor de Ensino Religioso em toda a região Sul do então Território Federal do Rio Branco, hoje Estado de Roraima. Sempre atento às necessidades educacionais das comunidades, foi coordenador pedagógico e promoveu cursos de formação para professores e agentes pastorais. Ele também ajudou a fundar sindicatos e associações de trabalhadores na região, entendendo que o desenvolvimento social era parte fundamental de sua missão.

 “Ele não se preocupava apenas com a evangelização, mas com todas as dimensões da vida das pessoas. Foi um homem que teve a necessidade de atuar em todas as frentes, desde a formação religiosa até o apoio ao desenvolvimento social. Ajudou a organizar sindicatos, associações de moradores e profissionais. Ele cuidou do povo de Deus de forma completa.”

Mesmo depois de se aposentar, em 2020, Padre Nilvo continuou a auxiliar nas atividades pastorais até sofrer a queda que fraturou seu fêmur. Desde então, sua saúde se fragilizou, mas ele permanece sendo uma figura respeitada e querida por todos. “Ele viveu uma vida plena de serviço e, hoje, aos 88 anos, mesmo debilitado, continua a ser um testemunho vivo de fé e amor ao Evangelho”, conclui Padre Luiz.

Padre Nilvo Retorna a São João da Baliza 

Depois de anos sem poder retornar à comunidade de São João da Baliza, o Padre Nilvo Floriano Pase teve a oportunidade de reviver momentos marcantes e de reencontrar amigos de longa data. Essa viagem só foi possível graças ao cuidado do Padre Luiz Botteon, que especifica o retorno da missão a um dos lugares mais importantes de sua vida pastoral. Padre Nilvo, que chegou a São João da Baliza em 1979, nunca mais houve eventos especiais ao local após sofrer o acidente que o trouxe para Boa Vista em 2022.

Padre Luiz relata que essa jornada foi extremamente significativa para a missão. “Em fevereiro de 2024, eu levei o Padre Nilvo de volta a São João da Baliza. Passamos lá quatro dias, e foi muito emocionante. Ele poderia rever as pessoas da comunidade, os amigos de tantos anos de missão. Desde o acidente, ele nunca mais teve essa oportunidade. Foi um momento de reencontro, mas também de despedida. Ele viu que aquela seria sua última visita ao local.”

A primeira viagem de retorno, em fevereiro, permitiu ao Padre Nilvo reviver lembranças e se despedir das pessoas que ele não tinha tido a chance de encontrar antes de ser transferido às pressas para Boa Vista. No entanto, em julho, um segundo momento proporcionou uma nova e especial emoção. Dona Auxiliadora, colaboradora fiel do Padre Nilvo há 30 anos, também foi levada à comunidade para reencontrar o sacerdote. “Ela morava na mesma casa com ele, ajudava em tudo. E foi lindo ver o reencontro deles”, conta Padre Luiz. “Era uma relação de muito carinho e parceria.”

Um detalhe emocionante foi o reencontro com Mimoso, o gato que os acompanhou por tantos anos em São João da Baliza. “O gato pulou no colo dos dois, reconheceu-os imediatamente, mesmo após tantos anos. Isso simboliza o forte laço que eles construíram ali, não apenas com as pessoas, mas também com tudo o que fazia parte da vida naquele lugar. Foi um momento de muita ternura e emoção.”

Para Padre Nilvo, as duas viagens marcaram a conclusão de um ciclo. “Ele viu que era a última vez que ia estar lá, e isso deu a ele a chance de se despedir de seus amigos de forma consciente e serena”, explica Padre Luiz. A presença de Padre Nilvo, mesmo já fragilizado, foi profundamente celebrada pelos moradores, que o reconheciam de imediato, evidenciando o impacto que ele teve nas vidas de tantos. “Foi bonito ver como todos o conheciam e como ele conhecia cada pessoa. Não era apenas uma relação formal de sacerdote e fidelidade, era um laço profundo, construído ao longo de anos de convivência e serviço”, destaca Padre Luiz.

Essas duas viagens, em fevereiro e julho de 2024, foram testemunhas de uma despedida cheia de emoção e carinho, onde a missão conseguiu reviver sua história e reencontrar os frutos de seu trabalho pastoral. Para Padre Nilvo, voltar a São João da Baliza foi mais que uma simples viagem; foi um retorno ao lugar onde ele sempre amou e onde seu legado continuará vivo por muitos anos.

FONTE/CRÉDITOS: Dennefer Costa
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