O segundo dia do Jubileu dos Povos Indígenas, que está sendo celebrado na comunidade de Surumu, promete ser marcado por momentos de grande emoção e significado para a Igreja de Roraima e os povos originários. As atividades previstas para este sábado (26) incluirão uma peregrinação, em destaque, a ordenação diaconal do jovem indígena Djavan André da Silva, fortalecendo ainda mais os laços entre a Igreja e as comunidades indígenas na comemoração dos 300 anos de evangelização.
A programação começou logo pela manhã, com a concentração de fiéis no Aeroporto de Surumu, seguida por uma peregrinação até o Centro Indígena de Formação. Lá, será realizada uma celebração eucarística especial, tendo como ponto alto a ordenação do seminarista Djavan, para diácono.
Emoção e gratidão marcarão o momento. O jovem diácono já antecipou a alegria de viver essa ocasião tão especial: “Será um dia de grande alegria, juntamente com as comunidades indígenas e o povo de Deus que ainda continua chegando aqui. Uma alegria imensa de poder celebrar esse jubileu dos povos indígenas junto com a minha ordenação diaconal. Estou muito feliz e grato a Deus pela vida e pela vocação", afirmou Djavan em preparação para o evento.
A celebração contará também com a presença da irmã Eliane Cordeiro de Souza, das Irmãs Mercedárias da Caridade e presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), que destacou a importância do evento: "Será uma alegria muito grande estar presente em nome da CRB, representando mais de 30 mil religiosos do Brasil. Encontrarei missionários que diariamente entregam suas vidas à causa dos povos originários — nossos irmãos muitas vezes sofridos, perseguidos e explorados. Estaremos juntos nessa causa de Jesus, que veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância. Este Jubileu será um marco histórico, um caminho bonito que pede mais cuidado com a vida e maior dignidade para todos, filhos e filhas amados de Deus", afirmou.
Reflexões do primeiro dia de Jubileu
Na sexta-feira (25), a programação foi aberta com uma mesa-redonda à tarde, abordando a presença histórica da Igreja entre os povos indígenas de Roraima. Um dos participantes, o professor Jaci Guilherme, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), antecipou os temas que serão discutidos: " Refletimos sobre a luta dos povos indígenas e o compromisso da Igreja. Esta Igreja, que deixou de ser associada às fazendas e passou a se tornar parte das comunidades indígenas. A partir de Dom Aldo Mongiano, houve uma opção clara pelos povos originários. Foi essa união entre a Igreja e os povos indígenas que levou à criação do Conselho Indígena de Roraima (CIR), hoje respeitado nacional e internacionalmente", destacou Jaci.
Sementes de novas vocações
O impacto deste momento histórico também já começa a ser sentido entre os jovens indígenas, como expressou Idelfonso Barbosa da Máso, seminarista indígena da Raposa Serra do Sol, atualmente cursando Teologia no Seminário de Manaus: "A ordenação do Djavan será fruto de muita oração e dedicação dos missionários e das lideranças indígenas. Este momento certamente inspirará e influenciará muitos jovens da nossa Diocese de Roraima. Ver um irmão nosso ser ordenado diácono desperta em nós a vocação missionária e fortalece nossa identidade cultural e religiosa. É uma resposta concreta da fé e da luta do nosso povo", afirmou Idelfonso, cheio de esperança de que mais jovens sigam o caminho da vocação religiosa.
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