Entre os dias 6 e 9 de junho, estão reunidos quase 100 participantes – entre bispos, presbíteros, religiosos e religiosas, leigos e leigas – no Seminário São Pio X da Arquidiocese de Santarém, no estado do Pará,  para o IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal. Neste ano, o encontro celebra os 50 anos da reunião que resultou no Documento de Santarém, realizado em 1972.

Há 50 anos atrás, logo após o Concílio Vaticano II e o Documento de Medellín, a Igreja da Amazônia se reunia também no Seminário São Pio X, para preparar e viver a reunião que deu à Igreja na Amazônia a graça de assumir novos caminhos de evangelização na região, tendo como fundamento a concretização de uma Igreja encarnada e inculturada.

O Documento que tem, em especial, quatro prioridades: formar lideranças entre leigos, Vida Religiosa e também os presbíteros; dar uma atenção aos povos indígenas, enfatizando que os povos originários tinham suas próprias culturas e que o verbo de Deus já estava presente em suas terras; a acolhida com tantos migrantes que chegavam e chegam até hoje na região; e por fim, o cuidado com a casa comum, a Amazônia. Outro fruto do Documento de Santarém, é o nascimento do Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

De acordo com o padre da Diocese de Roraima, Padre Vanthui Neto, uma das experiências também celebradas é a comunhão gerada dentro da Igreja na Amazônia, “Dentro dos cinquenta anos a igreja deu grandes passos, de modo especial ela sempre celebrou o marco de Santarém, em especial, a experiências que é um jeito de caminhar juntos. Para todos, não só os bispos caminharem juntos. As igrejas começaram a dar passos em comunhão,” explicou o presbítero.

Além de celebrativo, o IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, é um momento de espiritualidade, destacando a acolhida de Nossa Senhora de Nazaré, a Rainha da Amazônia, que se deslocou desde Belém para estar presente em um momento singular da vida da Igreja da região, como é a comemoração dos 50 anos de Santarém. A presença de Nossa Senhora de Nazaré é também um reconhecimento à religiosidade popular na Amazônia, sustento secular da fé do povo do bioma amazônico.

O encontro tem como ponto de partida uma análise de conjuntura sociopolítica e eclesial, algo de fundamental importância diante da atual realidade, condicionada pelos ataques à floresta e aos povos que nela habitam, pelo clima político cada vez mais conturbado em razão das eleições que acontecem neste ano, e pela realidade eclesial, fortemente marcada pela pandemia, mas esperançada diante deste tempo sinodal que está vivendo.

Ao longo do encontro serão elaborados um Documento Final, uma Mensagem ao Povo de Deus, uma Mensagem ao Papa Francisco, e uma Mensagem a Dom Cláudio Hummes, durante muitos anos presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), primeiro presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), e que se encontra em tratamento de saúde.