Em uma resposta emergencial ao corte de financiamento pelos Estados Unidos para a Organização Internacional para as Migrações (OIM) no Brasil, o governo brasileiro anunciou que assumirá as atividades essenciais da Operação Acolhida, voltada para o acolhimento humanitário de imigrantes venezuelanos. A decisão foi tomada após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinar a suspensão de repasses por 90 dias, afetando significativamente as operações da OIM no país.
Impacto do corte de verbas
O corte norte-americano, que representa 60% dos recursos da OIM no Brasil, resultou na suspensão temporária de diversas atividades da organização, incluindo regularização migratória, assistência humanitária, proteção e saúde, interiorização e combate ao tráfico de pessoas. A OIM estima que aproximadamente US$ 5 milhões deixarão de ser destinados ao Brasil durante o período de suspensão.
Como consequência, instalações sanitárias mantidas pela Rede Cáritas, que atendem migrantes em situação de rua em Boa Vista e Pacaraima, também foram fechadas nesta segunda-feira (27). Esses espaços, que desde 2019 fornecem serviços de higiene pessoal, como banheiros, duchas e lavanderia, agora encontram-se paralisados por tempo indeterminado. Em nota, a Cáritas reafirmou seu compromisso em dialogar com o governo norte-americano para resolver a situação.
Reação do governo brasileiro
Em reunião emergencial realizada na Casa Civil, representantes de diversas pastas ministeriais — incluindo Saúde, Justiça e Segurança Pública, Defesa e Relações Exteriores — definiram que servidores serão realocados para manter a continuidade da Operação Acolhida. As medidas emergenciais incluem:
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Gestão de abrigos;
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Oferta de assistência em saúde;
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Regularização migratória;
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Garantia de apoio social aos migrantes.
O Ministério da Defesa reforçou que as Forças Armadas continuarão desempenhando papel crucial na estruturação e operação de centros de acolhimento em Roraima.
Clique aqui e confira a nota na integra da Operação Acolhida
Criada em 2018, a Operação Acolhida é reconhecida internacionalmente como modelo de resposta humanitária. Em parceria com organizações internacionais, incluindo a OIM, a iniciativa tem garantido apoio aos milhares de venezuelanos que entram no Brasil por Roraima em busca de melhores condições de vida.
A OIM, desde 2004 presente no Brasil, desempenha papel estratégico no atendimento a migrantes, promovendo uma migração ordenada e humana. Contudo, o corte de verbas imposto pelo governo Trump coloca em risco avanços conquistados no apoio à população migrante.
Cenário futuro
Apesar do desafio financeiro, o governo brasileiro reafirmou seu compromisso com os direitos humanos e a acolhida digna de refugiados e migrantes. A prioridade agora é buscar soluções para minimizar os impactos do corte e assegurar a continuidade dos serviços prestados. Paralelamente, a Cáritas e outras organizações parceiras seguem articulando-se para manter o atendimento aos migrantes.
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