Foi encerrado neste sábado (26) o Jubileu dos Povos Indígenas, realizado na comunidade do Surumu, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. O evento reuniu povos originários de diversas regiões do estado, missionários, religiosas e representantes da Igreja Católica de toda a Diocese de Roraima.
Com o tema “Somos peregrinos e peregrinas da esperança”, o Jubileu deste ano foi um tempo de celebração da fé e da resistência dos povos indígenas, reafirmando a presença viva e atuante da Igreja junto às comunidades tradicionais. Durante os dias de programação, aconteceram momentos de espiritualidade, reflexões sobre os desafios enfrentados pelos povos originários, partilhas culturais e celebrações eucarísticas.
O bispo aproveitou o momento para relembrar a luta dos povos indígenas em relação as suas terras.
“Muitas dessas terras foram invadidas por fazendeiros, por garimpeiros e por outros exploradores. Os indígenas que aqui viviam eram explorados como escravos. Perderam suas terras, seus direitos, a sua liberdade. Esse jubileu de Roraima é real e tem um sentido profundo ao ser celebrado, essa terra em que nós pisamos é tradicionalmente dos povos indígenas'', afirmou Dom Evaristo.
Um ponto marcante do Jubileu foi a ordenação diaconal de Djavan André, o primeiro indígena da Diocese de Roraima a assumir esse ministério.
Além da ordenação, o Jubileu foi espaço para manifestações culturais, danças, rezas tradicionais e relatos de luta e resistência. As comunidades presentes denunciaram ameaças aos seus territórios, impactos ambientais, desrespeito aos seus direitos e clamaram por justiça e paz para seus povos.
“O jubileu é um programa muito significativo na tradição judaico-cristã, com origem lá na Bíblia, no antigo testamento, do livro do Levítico, capítulo 25, que descreveu o jubileu como um ano de libertação, de restauração a cada 50 anos. Durante o ano jubilar, as dívidas dos pobres eram perdoadas, os escravos eram libertados e as terras que haviam sido vendidas por alguma necessidade eram devolvidas aos seus donos originários'', explicou Dom Evaristo.
Layra Del Pozo, Reitora de Nossa Senhora Aparecida, esteve no evento e também destacou a força simbólica do evento.
“Estamos vivendo a mesma liturgia mas com uma visão totalmente diferente a cultura dos povos indígenas, e essa junção da ordenação do Djavan com o jubileu, me mostra que a liturgia vai muito além da vivência dos domingos na capital. Está sendo muito bonito.”
O encerramento foi marcado por uma grande celebração com rituais indígenas e bênçãos, reafirmando a fé de um povo que caminha com os pés na terra e o coração em Deus. O Jubileu deste ano entra para a história da Diocese de Roraima como um marco de renovação espiritual, missão e compromisso com uma Igreja de rosto indígena, amazônico e profético.
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