Em um marco histórico para a Igreja Católica e para os povos indígenas, Djavan André foi ordenado diácono na manhã deste sábado (26), durante as celebrações do Jubileu dos Povos Indígenas, realizado na comunidade do Surumu, localizada na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.
O rito de ordenação foi presidido por Dom Evaristo Pascoal Spengler, bispo da Diocese de Roraima, e contou com a presença da família de Djavan, lideranças indígenas, representantes de comunidades católicas de todo o estado e religiosos de várias regiões.
Dom Evaristo falou a respeito da representatividade que o diácono Djavan terá à frente da comunidade indígena e afirmou:
"Djavan, que hoje será diácono nesse chão, nessa cena eucarística, é um dos preciosos frutos dessa longa história de aliança."
O diácono não escondeu a emoção diante do significado daquele momento tão especial. Ele compartilhou palavras simples, mas carregadas de gratidão e fé:
"É uma alegria imensa estar aqui, onde a Igreja está celebrando o Jubileu dos Povos Indígenas e minha ordenação diaconal. Estou muito feliz e grato a Deus pela vida e pela vocação", disse o diácono.
Sarlene André, mãe do então diácono Djavan, falou da emoção de ver seu filho sendo ordenado.
''Eu fiquei emocionada por ver meu filho, a gente chora de emoção, ao ver todos dando força para ele. Quero agradecer a todos, os missionários, as irmãs, todo o povo de Boa Vista e de Manaus também que foi onde ele estudou. Eu agradeço à Deus por ter me dado um filho tão obediente'', disse ela emocionada.
Na ocasião, o bispo Dom Evaristo reforçou o significado do Jubileu, trazendo sua origem bíblica:
"O Jubileu é um programa muito significativo na tradição judaica e cristã. Com origem lá na Bíblia, no livro do Levítico, capítulo 25, descreve-se o Jubileu como um ano de libertação e restauração a cada 50 anos. Durante o ano jubilar, as dívidas dos pobres eram perdoadas e os escravos, libertados. Era um tempo de renovação espiritual e social, refletindo a misericórdia e a justiça de Deus", reforçou o bispo.
Marcos Costa, da Paróquia Catedral, esteve presente na ordenação de Djavan e afirmou que o momento serviu para reanimar a fé daqueles que clamam por justiça:
"A ordenação serviu para reanimar a nossa fé. A nossa fé em uma Igreja que é peregrina, que está ao lado dos povos, que está ao lado daqueles que clamam por justiça, assim como os povos indígenas aqui de Roraima."
O Jubileu deste ano, junto à ordenação de Djavan André, se tornou um símbolo vivo dessa caminhada. Um momento que ficará marcado não apenas na história da Diocese de Roraima, mas também na memória dos povos indígenas que seguem firmes, unindo fé, cultura e resistência.
Entenda o que é a ordenação diaconal
A ordenação diaconal é uma cerimônia da Igreja Católica em que a pessoa se torna diácono, alguém que serve à comunidade na fé. O diácono pode pregar, batizar, celebrar casamentos (sem missa) e ajudar nas missas e ações sociais. No caso de Djavan, ele foi ordenado diácono permanente e vai servir especialmente à sua comunidade indígena.
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