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Diocese de Roraima denuncia ameaças aos povos indígenas e lança Carta do Jubileu na Raposa Serra do Sol

Carta divulgada em evento no Surumu critica modelo econômico e a tese do marco temporal.

Diocese de Roraima denuncia ameaças aos povos indígenas e lança Carta do Jubileu na Raposa Serra do Sol
Fotos: Raimundo Nonato Rocha - Apoio Monte Roraima FM
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Neste sábado, 26 de abril, no último dia das celebrações do Jubileu dos Povos Indígenas, a Diocese de Roraima lança oficialmente a Carta do Jubileu da Aliança com os Povos Indígenas de Roraima. O evento acontece na Missão Surumu, localizada na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, e marca um importante gesto de compromisso e apoio da Igreja junto às causas dos povos originários.

A celebração contou com a presença de importantes autoridades civis e religiosas, entre elas: Prefeito de Pacaraima, waldery d'avila sampaio e a primeira-dama Lira Ferreira; Prefeito de Uiramutã,  Tuxaua Benisio ; Presidente da Funai, Joenia Wapichana; Monsenhor Gonzalo Ontiveros, Bispo do Vicariato de Caroní, na Venezuela, acompanhado de uma delegação de padres venezuelanos; Irmã, Lenir, provincial das irmãs Cristo Rei; Além de representantes da pastoral indigenista e do Cimi. 

Inspirado pelo Jubileu da Esperança, proclamado pelo Papa Francisco em dezembro de 2024, o Jubileu dos Povos Indígenas em Roraima é um tempo de renovação da fé, da justiça e do cuidado com a criação. Em sua carta, a Diocese reafirma seu compromisso histórico com a defesa dos povos indígenas, destacando a importância de fortalecer suas comunidades, respeitar seus direitos territoriais e lutar contra iniciativas que ameaçam suas conquistas, como a tese do marco temporal e a PEC 48.

A Carta do Jubileu também denuncia as ameaças impostas pelo atual modelo econômico, que privilegia o lucro em detrimento da vida dos povos indígenas e da preservação da Casa Comum, e reforça o chamado à luta:

  • Pela derrubada das leis injustas;

  • Pelo apoio à demarcação de terras;

  • Pela proteção das florestas e dos guardiões da natureza.

Durante a programação, o Bispo de Roraima, Dom Evaristo Pascoal Spengler, falou sobre a dimensão e o impacto desse Jubileu para Roraima e para o Brasil:

“Esse Jubileu dos Povos Indígenas aqui em Roraima repercutiu não só no nosso Estado, não só na nossa Igreja, mas repercutiu em outros ambientes aqui do nosso país. Todos estão rezando conosco, muitas pessoas que conhecem Roraima estão rezando por esse momento, para que a Igreja seja cada vez mais fiel a esse chamado de caminhar na aliança com os povos indígenas, dessa Igreja que quer, de fato, testemunhar o serviço e escutar também aquilo que as lideranças indígenas, os mais sábios do povo, os anciãos, têm a nos dizer.
Um jubileu é esse momento de retomar a vida de uma outra forma, seja religiosamente, seja socialmente. O jubileu significa um perdão de dívidas, acabar com todo tipo de escravidão, significa devolver a terra aos nossos povos indígenas. Isso significa que agora continuaremos pela luta contra o marco temporal que quer ameaçar o direito dos povos indígenas à sua terra, e muitos que perdem a terra vão voltar a ser escravos dos fazendeiros, dos garimpeiros.
Queremos um ano de graça, de liberdade e de paz para o nosso povo. Que essa paz perdure para sempre.”

A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, também esteve presente e ressaltou a importância histórica do momento para os povos indígenas de Roraima:

“Esse é um momento histórico para a Diocese e para os povos indígenas de Roraima, aqui no Centro do Surumu. É a história de vida dos povos indígenas que completa 48 anos de decisão, de assembleia, de comemoração do Tuxaua Ashasi e de grandes lideranças que sempre lutaram pela vida e pelos direitos constitucionais. Estou aqui como presidente da Funai, a convite dos povos indígenas e da Diocese de Roraima, para registrar que estamos em outros tempos, 48 anos depois, mas seguimos na mesma aliança e no mesmo objetivo: defender a vida e os direitos dos povos indígenas.”

A Diocese de Roraima, há mais de 300 anos, caminha junto aos povos indígenas em seu processo de resistência, autonomia e defesa da dignidade, reafirmando que "unidos, lutamos pela justiça e pela vida, testemunhando a Páscoa!"

 

Confira a carta na íntegra

FONTE/CRÉDITOS: Dennefer Costa - Rádio Monte Roraima fm
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