Nesta sexta-feira, 7 de fevereiro, é celebrado o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, data instituída em 2008 para lembrar a morte de Sepé Tiaraju, liderança guarani que foi assassinada em 1756 durante um levante contra os colonizadores. Mais de dois séculos depois, a luta indígena segue viva e se renova a cada geração, principalmente em estados como Roraima, onde a resistência é palpável.

Em Roraima, o Conselho Indígena de Roraima (CIR) é uma das principais organizações de defesa dos direitos dos povos indígenas. Fundado na década de 1970, o CIR atua em diversas frentes, como a demarcação de terras, proteção ambiental, educação, saúde e fortalecimento da autonomia das comunidades indígenas. A organização tem sido essencial para a preservação das tradições e territórios, com mais de 100 mil indígenas no estado, como destacou Edinho Macuxi, Tuxaua Geral do CIR.

"Para nós, esse dia é mais do que um dado histórico. Ele simboliza nossa resistência de 524 anos. Nossa luta não começou 30 ou 40 anos, mas vem de muito antes, através dos nossos ancestrais que enfrentaram perseguições, massacres e tentativas de extermínio. Hoje, seguimos de cabeça erguida, com mais de 100 mil indígenas em Roraima, mantendo nossas tradições e territórios protegidos." Disse.

A resistência se mantém firme diante de grandes desafios, como a batalha contra a tese do marco temporal, que limita os direitos territoriais dos povos indígenas. Embora o Supremo Tribunal Federal tenha considerado essa tese inconstitucional, a luta continua.

Além disso, os povos indígenas de Roraima desempenham um papel crucial na conservação da biodiversidade do estado, mas enfrentam os impactos do desmatamento e da contaminação das águas. O crescimento econômico de Roraima, segundo Edinho Macuxi, não pode acontecer à custa da destruição ambiental e da vida das comunidades tradicionais.

"O Produto Interno Bruto do estado cresce, mas a que preço? O desmatamento, a destruição dos rios e igarapés limitam a expectativa de vida das pessoas. Em Roraima, apenas 5% da população tem acesso à água potável. Isso resulta no aumento de doenças, incluindo câncer. O mercado não pode estar acima da vida."

O respeito aos direitos indígenas não é apenas uma questão de justiça, mas um compromisso que envolve toda a sociedade. O Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas é mais do que uma data de reflexão; é um chamado à ação para garantir que as lutas dos povos indígenas sejam ouvidas e respeitadas em todo o Brasil.