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Crianças Yanomami são amarradas e ameaçadas por garimpeiros

Associação Hutukara Yanomam cobra investigação imediata das forças de segurança.

Crianças Yanomami são amarradas e ameaçadas por garimpeiros
Foto: Hutukara/Divulgação
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"Vídeos chocantes que mostram duas crianças e um adolescente Yanomami amarrados a troncos de árvores e ameaçados por garimpeiros invasores,  na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, foram entregues às autoridades brasileiras, incluindo o Ministério Público Federal, a Polícia Federal, A Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ​​(Ibama).

A Associação Hutukara Yanomami, responsável pela entrega das imagens, declarou que conseguiu obter informações sobre o estágio desse incidente, mas ressaltou a extrema gravidade do caso, solicitando uma resposta imediata das forças de segurança.Este episódio é considerado um ato de tortura, o que constitui crime.

Em um trecho das gravações, os invasores acusam os Yanomami de terem roubado celulares. Na tentativa de recuperar os objetos, os garimpeiros os amarraram e proferiram ameaças. Enquanto gravavam, um dos homens gritava: 'Tire o cartucho, tire o cartucho, traga o celular, traga o celular. Onde está o celular? Amarre-os. Vá buscar os cartuchos da espingarda.' Em outra parte das imagens, os três indígenas aparecem amarrados a postes de madeira.

Os vídeos foram registrados na tarde da última terça-feira (19) pelos próprios garimpeiros do território indígena Yanomami, na região de Surucucu, próximo ao município de Alto Alegre. Essa área é conhecida por ter um dos maiores índices de garimpo ilegal do país e, consequentemente, altos níveis de contaminação por mercúrio nos rios. Segundo dados do Ministério da Defesa, os garimpeiros ocuparam ilegalmente uma área de 215 hectares desse território indígena em questão.

As imagens foram divulgadas pelo Jornal Nacional, da TV Globo, na noite de quarta-feira (20). O vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, Dario Kopenawa, condenou veementemente a 'violência brutal na região de Hakoma' e expressou sua preocupação com a segurança das crianças na área. Ele declarou: 'Os garimpeiros amarraram as crianças, isso é inaceitável. Portanto, estamos extremamente preocupados e pedimos uma investigação imediata por parte das autoridades, incluindo a Polícia Federal, o Ministério Público Federal, a Funai, o Exército e o Ministério Público, sobre essa violência grave que ocorre na Terra Yanomami.'

Segundo o coordenador político do Movimento Garimpo Legal (MGL), Jaílson Mesquita, o crime ocorreu na região de Taboca, aproximadamente há um mês. Ele lamentou o incidente e destacou que o movimento não apoia tais ações. Mesquita afirmou: 'Condenamos veementemente essa atitude. O próprio líder da comunidade tomou medidas para recuperar os objetos roubados.

 

OFICIO  

No dia 19 de setembro, a Hutukara recebeu dois vídeos por Whatsapp enviados por um
Yanomami da região do Papiu, onde há acesso à internet. Segundo o informante, o vídeo
foi gravado por outros Yanomami, na proximidade da pista da Bateia (63,2065035°W
2,9693787°N), na macro região de Surucucus, e envolve Yanomami da região do
Hakoma.
Os dois vídeos tratam da mesma situação. Eles registram um momento em que
garimpeiros acusam crianças yanomami de terem furtado celulares, e na tentativa de
recuperar os objetos, amarram e ameaçam as crianças, que supostamente teriam pego os
telefones. Um garimpeiro também tenta intimidar as vítimas, solicitando aos demais
garimpeiros que “tragam os mokaua”, ou seja, que sejam trazidas armas para o barracão
onde as crianças estão cativas.
Como se trata de uma região com dificuldade de comunicação, não foi possível averiguar
qual foi o desfecho da situação, tampouco reunir mais detalhes de data e localização. No
entanto, a gravidade do incidente exige uma resposta rápida por parte das forças de
segurança.
Os vídeos podem ser baixados aqui: https://we.tl/t-bvaKix4KH8
Para mais informações sobre a localização do alerta e o contexto de vulnerabilidade
dessas comunidades acessar o Painel de Vulnerabilidade do Sistema de Alertas.
Sobre o Sistema de Alertas da TI Yanomami
O Sistema de Alertas ‘Wãnori’ é uma ferramenta para recebimento, processamento e
qualificação de denúncias, que visa fortalecer a capacidade de comunicação entre as
comunidades da TIY, suas organizações indígenas e as autoridades governamentais
competentes, na resposta de emergências sanitárias, ambientais ou territoriais. Por meio
do aplicativo ODK Collect, uma pessoa devidamente capacitada registra em seu
Smartphone um alerta off-line em um formulário próprio elaborado em quatro línguas
indígenas, que inclui geolocalização e conteúdo de mídia sobre o relato (áudio, foto e/ou
vídeo). Ao ter acesso à internet, o formulário é enviado para um servidor privado, onde
pode ser acessado pela equipe técnica do Sistema em Boa Vista/RR. Posteriormente o
alerta é traduzido por pesquisadores indígenas localizados na Central de Comunicação,
instalada no Demini. As informações são traduzidas e qualificadas para a notificação dos
órgãos públicos. O monitoramento destas informações é realizado pela equipe técnica do
Sistema, utilizando os indicadores de respostas esperadas, cujo resultados são expedidos
em relatórios trimestrais à Defensoria Pública da União e ao Ministério Público Federal.
Respostas esperadas do poder público:
O monitoramento do seguimento dado aos alertas registrados utiliza os seguintes
indicadores de respostas esperadas, que orientam a sua resolução. Estes indicadores não
são taxativos, tratando-se das medidas consideradas minimamente necessárias, mas
apoiam a comunidade a compreender e manejar suas expectativas, além de fortalecer o
entendimento das responsabilidades de cada órgão que compõe a rede de proteção à TIY.
Sendo assim, espera-se dos órgãos oficiados que:
● Sobre a invasão territorial denunciada, que as autoridades competentes articulemse para a investigação dos fatos e a realizem operações de resposta rápida e
proteção territorial na TI Yanomami, em especial na região do Hakoma.
● Seja esta Associação comunicada sobre as providências tomadas pelos órgãos
oficiados, dentro de 30 dias, independentemente da resolução da demanda, para
que a Central de Comunicação do Demini possa transmitir uma devolutiva às
comunidades.

 

 

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