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Crescimento de Tráfico De Migrantes em Roraima causa preocupação, afirma especialista.

O transporte irregular é uma das principais causas do contrabando e tráfico de pessoas no Estado.

Crescimento de Tráfico De Migrantes em Roraima causa preocupação, afirma especialista.
Lucas Rosetti
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Roraima, é um estado fronteriço localizado na região Norte do Brasil, por essa localização é porta de entrada para migrantes da Venezuela, Guiana, Haití e outras nacionalidades. Esta ação gera um crescente e preocupante fenômeno: o contrabando e tráfico de migrantes. Em uma entrevista reveladora, a professora Márcia Oliveira, especialista em migração internacional da Universidade Federal de Roraima (UFRR), descreveu como esse processo tem se intensificado nos ultimos anos, impactando severamente a vida de migrantes, especialmente os venezuelanos, que buscam refúgio e melhores condições de vida no Brasil.

O Crescimento das Redes de Contrabando

Segundo a professora Oliveira, a presença de agências de viagem que promovem pacotes de traslado de migrantes se proliferou em Boa Vista e outras cidades de Roraima. Essas agências, muitas vezes, operam de maneira ilegal, oferecendo falsas promessas de documentação e segurança, o que configura contrabando de migrantes. "Identificamos cerca de 750 agências de viagens em Boa Vista. O transporte de migrantes virou um grande negócio, muitas vezes explorando economicamente essas pessoas", afirma a Prof. Marcia.

Entrevista a la Prof. Marcia Oliveira, Professora da UFRR 

As Armadilhas do Contrabando

A realidade enfrentada pelos migrantes é dura. Muitos são atraídos por promessas de trabalho e documentação, mas acabam vítimas de exploração. "Em muitos casos, o custo da viagem é parcelado, levando o migrante a um ciclo de endividamento que pode resultar em trabalho análogo à escravidão", explica a professora. Ela cita exemplos de migrantes que, ao chegar no Brasil, são obrigados a trabalhar em condições precárias para pagar as dívidas da viagem.

Tráfico de Pessoas e Exploração no Garimpo

A linha tênue entre o contrabando e o tráfico de pessoas é frequentemente cruzada em Roraima. O estado, juntamente com Rondônia e Pará, registra altos índices de exploração no garimpo, onde trabalhadores não têm garantias de pagamento ou direitos trabalhistas. "O tráfico de pessoas se manifesta claramente no trabalho análogo ao escravo e na exploração sexual, com migrantes sendo frequentemente enganados e submetidos a condições desumanas", ressalta Oliveira.

Impacto na População Migrante

A professora destaca casos graves de violação de direitos humanos, como o feminicídio em garimpos, onde mulheres venezuelanas são particularmente vulneráveis. "Em 2022, 70% dos feminicídios em Roraima ocorreram em garimpos, e 100% das vítimas eram venezuelanas. Essas mulheres trabalhavam em diversas funções, desde cozinheiras até operadoras de máquinas, e muitas foram assassinadas por questionarem condições de trabalho", relata.

A Busca por Soluções

Para combater essas graves violações, a Comissão Nacional de Tráfico de Pessoas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) planeja uma visita a Roraima em junho, durante a 39ª Semana do Migrante que será realizado no estado desde 16 até 23 de junho com diversas atividades. O objetivo é acompanhar de perto a situação e promover ações que ajudem a mitigar o impacto do contrabando e tráfico de pessoas.

A entrevista com a professora Márcia Oliveira lança luz sobre uma realidade alarmante, onde migrantes são tratados como mercadorias em um sistema econômico que negligencia completamente sua dignidade e direitos. É um chamado urgente para ações mais efetivas e humanitárias para proteger essas pessoas vulneráveis.

FONTE/CRÉDITOS: Libia López
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