Cada vez mais empreendedores brasileiros têm se dedicado aos chamados negócios de impacto - ou seja, empreendimentos que buscam criar soluções para problemas socioambientais através da atividade principal da empresa; seja por meio de um produto, serviço ou forma de atuação. O relatório Investimentos de Impacto no Brasil, divulgado em 2020 pela Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE), indica que há pelo menos 11,5 bilhões de ativos sob gestão com esse foco no país. E há uma região brasileira que vem se destacando cada vez mais nesse segmento: os nove estados que compõem a Amazônia Legal.
"A diversidade da região amazônica estimula
A Plataforma Jornada Amazônia é um projeto com coparticipação e investimentos de Bradesco, Fundo Vale, Itaú Unibanco, Santander, Clua e Porticus, que busca criar e fortalecer um pipeline de startups para impulsionar o ecossistema empreendedor da região. Os próprios números do projeto atestam o potencial de inovação e dos negócios de impacto na
Conheça, abaixo, quatro empresas que se dedicam aos negócios de impacto e
Amazonian SkinFood
Trabalhando com ativos da floresta amazônica para criar biocosméticos em formulações limpas e veganas, a startup Amazonian SkinFood, fundada em 2021, planeja agora expandir sua atuação internacional, e também se preparar para o comércio no atacado. Fundada nos Estados Unidos pela brasileira Rose Correa, a empresa doa 10% de todos os seus lucros para o projeto Ni Shunpin, do líder indígena Ixã Huni Kuin, da vila de Altamira, no Acre, onde vivem cerca de 200 pessoas. Segundo Rose, a ideia da organização é contribuir de alguma forma para a preservação da floresta amazônica e das culturas dos povos que lá vivem; possivelmente fomentando futuras iniciativas econômicas que possam aumentar a autonomia das aldeias da região.
A história da Amazonian SkinFood começou em 2019, quando Rose Correa conheceu Shane Lindner, que se tornaria seu parceiro na criação da empresa: os dois se encontraram trabalhando voluntariamente em um projeto em San Francisco, na Califórnia; e decidiram empreender juntos. Ao longo de dois anos, eles pesquisaram ingredientes amazônicos que poderiam ser usados em uma linha de cosméticos; que foi oficialmente lançada no final de 2021, com dois produtos: um creme e um óleo para a pele do rosto. De lá para cá foi desenvolvido um terceiro produto, para limpeza da pele facial.
"Tentamos reduzir o consumo de beleza, criar uma rotina de skincare mais leve", diz Rose. "Trabalhamos apenas com ingredientes seguros para uso na pele, amigáveis ao meio-ambiente, e coletados e processados de maneira ética. As embalagens dos nossos produtos são minimalistas e sustentáveis, e informamos nelas todos os ingredientes usados nas fórmulas - que são sempre de origem vegetal. Temos uma lista de componentes proibidos, como fragrâncias sintéticas, cores artificiais, parabenos e ingredientes à base de petróleo."
Sem dívidas e 100% autofinanciada, a Amazonian SkinFood fatura por meio de vendas diretas online e também em eventos em feiras. Entre o final de 2022 e março de 2023, a startup participou do Programa Sinergia; momento que, segundo Rose, foi essencial na ampliação de
Amazônia Smart Food
Pricila Almeida já atua no segmento de alimentação desde 2016, com a Santé Comida Saudável; mas começou a desenvolver a ideia
Mais tarde, a startup criou também um hambúrguer feito de tucumã. "Queremos desenvolver e movimentar essa cadeia, e, quem sabe, no futuro, ter o tucumã tão conhecido mundialmente quanto o açaí é hoje", planeja Pricila. Em 2024, a Amazônia Smart Food - que participou do Programa Sinergia no ano passado - vai lançar também uma nova linha de alimentos; seca, sem necessidade de congelamento.
O faturamento da empresa foi crescente em 2022; mas, neste ano, a Amazônia Smart Food freou a comercialização em função da construção de sua fábrica própria, concluída em maio. No ano que vem, a Amazônia Smart Food deve abrir um centro de distribuição em São Paulo (SP), e almeja passar a exportar para Estados Unidos, Europa e Oriente Médio.
DCO Sustentável
Fundada em 2019, a DCO Sustentável passou por uma mudança de rumos no ano seguinte, em 2020: originalmente, a startup de
Sediada na Agência de Inovação da UFPA, a DCO Sustentável une ciência e tecnologia ao ecossistema amazônico para gerar energia renovável. "Em 2021 entramos nesse mercado como integradores de energia solar, realizando venda, projeto, instalação e manutenção de sistemas de
Entre 2021 e 2022, a startup participou do Programa Sinergia, da Plataforma Jornada Amazônia. "A programação de workshops e mentorias foi bem alinhada com o momento que estávamos vivendo", conta o CEO sobre o programa. "Houve uma imersão no ecossistema inovador de Florianópolis, onde pudemos receber orientações e articular com os gestores do LabFab/Certi apoio para definir o processo de fabricação para o momento de estruturação da empresa. Encaminhamos e recebemos apoio do Centro de Energia Renovável/Certi na fase de
Atualmente, a DCO Sustentável busca investidores para estruturação da empresa e início de fabricação e comercialização dos primeiros lotes da hidroturbina DCO G1; e objetiva incluir em seu portfólio um projeto de sistema de
Manioca
A Manioca surgiu em 2014, com a proposta de
Em 2016, Paulo Reis, que já havia atuado em vários projetos de desenvolvimento com comunidades ribeirinhas, tornou-se sócio da empresa; e da união surgiu o modelo de negócio que a
Entre 2021 e 2022 a Manioca participou da primeira turma do Sinergia. "Participar nos trouxe novos conhecimentos e soluções para dores que tínhamos, especialmente através de mentorias, além de uma rede de contato e suporte incrível", diz Joanna. Nos últimos dois anos, a empresa alcançou uma taxa média de crescimento de 55%. Ainda neste ano, a Manioca vai lançar uma nova linha de farofas com sabores amazônicos; e já tem produtos em desenvolvimento para estreia nos próximos anos. A empresa mantém também um programa de apoio a seus fornecedores, chamado "Raízes", que atua em três frentes: apoio à profissionalização, monitoramento ambiental e assistência técnica para melhoria da produção.
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