O Ministério da Saúde aumentou o número de médicos em atividade na Terra Indígena (TI) Yanomami. De oito profissionais, o número passou para 40 atuando no combate a doenças, tratamentos diversos e promoção da saúde. O incremento foi possível pelo trabalho do programa Mais Médicos.
A mais recente incorporação contou com 12 profissionais no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami e outros nove no DSEI Leste Roraima. Além disso, 43 médicos estão em supervisão, uma espécie de qualificação continuada sobre as particularidades dos povos indígenas e suas necessidades.
Weibe Tapeba, secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, afirma que o aumento de profissionais atuando na região é um marco histórico para os DSEIs de Roraima. “O povo Yanomami tem a maior terra indígena do Brasil, 10 milhões de hectares, mais de 380 comunidades e 30 mil indígenas. Temos conseguido avançar, mesmo nas áreas de difícil acesso. O território ainda está impactado pelo garimpo ilegal, mas com o profissional atuando lá, temos condições de reavaliar ações de assistência e evitar mortes, como assistimos no passado”, defende.
Tapeba afirma que o principal objetivo é assegurar a assistência ao povo Yanomami. “Houve uma grave desconstrução e falta de estímulo de fixação de profissionais no território. Com isso, passou, nos últimos anos, a existir vazios existenciais, que agora estamos solucionando um a um”, completa.
A grande missão de manter a população saudável
Wellington Carvalho, diretor do Departamento de Apoio à Gestão da Atenção Primária à Saúde, destaca que o objetivo da atuação dos médicos na região é, além de conter e tratar doenças, garantir o povo Yanomami saudável.
“É um ganho importante do caminho que estamos percorrendo. Vimos, no começo da gestão, a situação crítica de saúde que estava instalada. Hoje, o Mais Médicos é responsável por quase todo o atendimento do DSEI Yanomami. Eles fazem o trabalho de prevenção, promoção e assistência. Essa população precisa de um cuidado intenso. As condições de saúde muitas vezes são severas”, salienta.
Os profissionais passam por uma série de treinamentos para a atuação aperfeiçoada na região. “São feitas qualificações especiais, com temas específicos. A mais recente foi sobre malária grave”, pontua. Entre os desafios, segundo Wellington, está a renovação de laços entre os profissionais de saúde e os indígenas.
“Temos que recuperar a confiança dessa população de que vamos atendê-los, que podem confiar nos médicos que estão lá e refazer o vínculo. Eles estão há quatro, cinco anos sem assistência. Então não é só tratar doença, mas manter a comunidade saudável”, conclui.
A expectativa dos novos médicos
O médico Chrystian William Novais da Silva de França, 31 anos, natural de Aracaju (SE), é um dos novos profissionais a compor o quadro da equipe de atendimento no território Yanomami. Para ele, a expectativa é de muito desafio e de levar cuidado em saúde para a população indígena.
“Acredito que será o encontro com uma cultura muito diferente da nossa e com o modo de vida no contexto indígena. O fato de poder, com meu trabalho, levar saúde e cuidado para essa população é muito motivador”, pondera.
Já Marília Francelina Da Silva, 32 anos, natural de Pedra (PE), vai unir os conhecimentos da medicina tradicional aos avanços da biomedicina para conseguir promover uma assistência eficaz, resolutiva e duradoura dentro do território. “Além do difícil acesso e diferença cultural, que engloba a questão linguística também como barreira, passamos por um momento de carência de assistência qualificada e dirigida para a necessidade do local”, alerta.
Samyla Renata de Oliveira Milhomem, 30 anos, de Miracema do Tocantins (TO), está animada para aprender a conviver com a cultura dos povos indígenas. As dificuldades de acessar áreas remotas, a barreira da língua e a cultura diferente não são empecilhos para a médica. “A saúde me motiva a querer ser alguém bem melhor todos os dias. E levar uma saúde humanizada”, garante.
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