A seca do Rio Negro, no Amazonas, a maior registrada até o momento, causou impacto no ramo da construção civil com a falta de estoque de cimento em diversas lojas de Roraima. Isso porque o carregamento vem do estado vizinho por meio de balsas, que precisaram diminuir o volume do transporte de cargas, inviabilizado pelos bancos de areia no percurso.
De acordo com Clerlânio de Holanda, presidente do Sindicato da Indústria e Construção Civil de Roraima, isso tem causado problemas, como paralisação de obras e demissão de funcionários.
“O que chega à nossa cidade é insuficiente para suprir a necessidade atual. Isso tem feito com que os preços do produto e os custos das obras aumentem. Roraima possui o custo por metro quadrado mais caro do país em condições normais, chegando a níveis absurdos”, explicou.
Apesar dos problemas, as estimativas são positivas. Ainda segundo o presidente, a previsão é que na segunda quinzena do mês, o fluxo das cargas volte ao normal e a situação se regularize.
Mas, enquanto esse período não chega, Isaías Costa, subgerente de uma loja do ramo na zona Leste de Boa Vista, detalhou que a falta do cimento, que é um dos principais insumos para a construção, também tem afetado a venda de outros materiais.
“Estamos há quase dois meses sem cimento, e aumentou muito o preço. Isso nos prejudica muito, porque ele é a base de tudo. Os clientes compram ferro, tijolo, entre outros, e não tem o cimento para poderem construir. Estão deixando de comprar outras coisas, por enquanto, por causa dessa falta”, ressaltou.
Em outra loja da zona Oeste da capital, os últimos sacos haviam sido vendidos e entregues na manhã desta segunda-feira (4). Conforme a proprietária, Silvana Menezes, o valor repassado ao cliente final foi sugerido pelo fornecedor.
“O nosso cimento estava com o mesmo valor que a fábrica sugeriu, que era R$ 68. Creio que as pessoas foram, não só pela marca, mas por não ter havido um superfaturamento como em outros locais. Isso vai se normalizar, porque o Rio vai começar a subir e as balsas vão chegar mais e, daqui a umas duas semanas, deve melhorar”, acredita a empresária.
Com o material quase em escassez, consequentemente, o valor tende a subir. Antes, uma saca era encontrada, em média, por R$ 54. Agora, chegou a custar mais de R$ 100. Como o cliente pode identificar o abuso diante de uma cobrança?
O aumento do valor da mercadoria é inevitável e a precificação é livre. Porém, a diretora do Procon Assembleia, Mileide Sobral, orienta os consumidores a sempre pesquisarem preços.
“É importante que o consumidor pesquise para saber, realmente, se o que está sendo cobrado é justo, e que verifique a diferenciação conforme a localidade e marcas. É importante também que ele saiba que aumento sem justa causa é considerado abusivo pelo Código de Defesa do Consumidor [CDC]. Ele deve conversar com o lojista e saber o motivo que justificou esse aumento elevado”, destacou a diretora.
Outra dica para quem pretende finalizar sua obra ainda em 2023, é agendar com o lojista a quantidade desejada.
“Com isso, a gente consegue manter essa relação cliente/consumidor em equilíbrio, além de deixar o consumidor mais à vontade e confiante de que vai conseguir ter acesso a um produto de qualidade e um preço que vai satisfazê-lo”, concluiu Sobral.
Para mais informações e dúvidas, o órgão de defesa do consumidor do Poder Legislativo funciona no prédio da Superintendência de Programas Especiais, na Avenida Ataíde Teive, 3510, bairro Buritis, em horário comercial, de segunda a sexta-feira. Os atendimentos remotos podem ser feitos pelo número 98401-9465 ou no site al.rr.leg.br/procon.
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