Com o aguardado julgamento sobre o marco temporal agendado para amanhã, 20 de setembro, o movimento se mobiliza para uma ação histórica, com o objetivo de reunir mais de oito mil pessoas na Praça Ovelário Tames Macuxi (Centro Cívico), em Boa Vista, para acompanhar o que está sendo considerado o “julgamento do século”.
Delegações indígenas de diversas regiões, como Baixo Cotingo, Serra, Alto Cuamé, Surumu, Tabaio, Amajari, Wai wai, Yanomami, Murupu, Serra da Lua, região Raposa, Ingaricó, começaram a chegar desde o dia 17 de setembro em Boa Vista. Movimentos sociais, defensores dos direitos indígenas e outros apoiadores também devem marcar presença na mobilização.
Além da manifestação em Boa Vista, estão previstos atos no Centro de Santa Cruz, na região Raposa, no município de Normandia e no Centro Makunaima, na terra indígena São Marcos, no município de Pacaraima.
Parte da programação inclui uma grande feira com exposição e venda de produtos vindos das diversas regiões. Entre os produtos disponíveis, destaca-se artesanato, farinha, banana, cana, milho, pimenta, feijão, batata, arroz, carne bovina, sementes tradicionais e outros itens.
Amarildo Macuxi, coordenador da região das serras, ressalta que a feira tem o propósito de mostrar ao mundo como os povos indígenas produzem seus alimentos de forma sustentável, sem depender do governo, desmentindo o argumento de "muita terra para pouco índio" frequentemente utilizado por políticos de Roraima.
"A feira é uma oportunidade para demonstrar à sociedade e aos políticos de Roraima nossa produção, rica em diversidade e feita de forma sustentável. Além disso, ela vai mostrar ao ministro Gilmar Mendes as produções da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, refutando sua declaração de que os indígenas vivem em condições precárias em Boa Vista, o que não é verdade", concluiu o coordenador.
A mobilização será transmitida ao vivo pelas redes sociais do Conselho Indígena de Roraima (CIR), tanto no Instagram quanto no Facebook.
Marco Temporal Ameaça os Direitos dos Povos Originários
O Marco Temporal representa uma ameaça à vida dos povos originários. Se aprovado, limitará as demarcações de terras indígenas, possibilitará o contato de não indígenas com povos isolados, permitirá a exploração de garimpo e agronegócio, bem como a comercialização de terras. Além disso, estipula que as terras indígenas são aquelas ocupadas até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. Cinco ministros ainda precisam votar: Rosa Weiber, Gilmar Mendes, Cármem Lúcia, Dias Tofolli e Luiz Fux.
Luta Histórica e Realidades Culturais de Roraima
Roraima abriga uma grande diversidade de povos indígenas, cada um com suas próprias culturas e realidades. No estado, 46% do território é composto por terras indígenas, onde vivem mais de 80 mil indígenas. Graças à luta e resistência desses povos, 36 terras indígenas foram demarcadas e homologadas, e outros 23 pedidos de reestudo e 4 de demarcação estão em processo, incluindo as Terras Indígenas Arapuá (Alto Cauamé), Lago da Praia e Anzol (Murupu), e Pirititi (sul do estado).
Serviço
Manifestação contra o Marco Temporal
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Data: 20 e 21 de setembro, às 8h.
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Local: Praça Ovelário Tames - Centro Cívico - Boa Vista (RR)
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